Jornada Arcade #2: O controle

 

Arcade on the stick!
Fonte: Nacon (imagem original).

Antes de começar esse capítulo da nossa série Jornada Arcade, se faz necessário destacar que o importante é jogar e se divertir. Na maioria dos casos, não interessa qual método de entrada você usa (desde que não trapaceie). Porém, quando se trata de jogos de fliperama, podemos concordar que existe sim um controle tido como padrão.

Como destaquei no capítulo passado, joguei pouco em máquinas de arcade, então a maior parte da minha vida como jogador foi em controles tradicionais, daqui em diante nomeados como pads. Quando se tratava dos jogos de luta (quase sempre The King of Fighters '97/'98/'99, Street Fighter Alpha 3, Rival Schools ou Pocket Fighter), usava o PlayStation Controller, o original, sem analógicos.

O bichinho.
Fonte: Amazon UK.


Certamente um verdadeiro pad de responsa: leve, macio, confortável e com um direcional baixinho, tornando a repetibilidade dos comandos muito assertiva por parte do jogador. Era muito bom usá-lo, tanto que no meu círculo de amizades ele se tornou um espécie de item prioritário para quem quisesse levar o jogo mais a sério. Infelizmente acabei vendendo o meu e depois de um tempo se tornou impossível conseguir um original em bom estado que não custasse um fígado, um olho e um tapinha na cara, como brinde para o vendedor.

Sendo bem crítico, embora muito bom, não era um pad perfeito. Muito pelo contrário: jogos de seis botões, como os Street Fighters, não eram tão prazerosos de se jogar nele, como os que usavam apenas quatro ou menos. Foi então que eu conheci o lendário pad do SEGA Saturn, por meio de um colega que possuía um raro exemplar do console na minha cidade natal.

Ah! O Saturn!
Fonte: Wikipedia.


Aquele design se mostrava como o melhor que eu já tinha utilizado para quase qualquer jogo: era ótimo para beat 'em ups, ótimo para jogos de luta e bom o suficiente para shmups, coisa que o do PS ficava para trás e muito.

Quando decidi mergulhar de vez no mundo dos jogos de luta competitivos, fazendo isso por meio do (Super/Ultra) Street Fighter IV no Xbox 360, adquiri um Mad Catz Fight Pad, que é praticamente um controle de Saturn com botões de mesmo diâmetro e dois outros de ombro (LT e RT). Tenho ele até hoje (o que já somam dez anos 😳) e sempre o usei para quase tudo, não só para as minhas desventuras no online de (S/U)SFIV, mas, principalmente nos clássicos do Xbox Live Arcade e emulações de PC Engine, Mega Drive e Saturn.

O fight pad que adquiri.
Infelizmente, os temáticos de SFIV tinham acabado.
Fonte: Amazon UK (imagem original).


Bom, os anos se passaram, eu parei com o SFIV, a rotina me consumiu, mas estava sempre ali, com o meu fight pad, tentando marcar presença nos jogos de luta, principalmente em anime fighters, mas comecei a notar uma coisa: imprecisão nos inputs... e não era pouca.

Foi então que um amigo, bom jogador de Street Fighter III: Third Strike decidiu parar de ser um keyboard warrior e começou a construir o seu próprio controle arcade (também chamado de arcade stick ou fight stick). Essa, na verdade, é uma prática comum entre os jogadores de torneio pelo mundo todo. É tanto que campeonatos, a exemplo da EVO, sempre endossaram e incentivaram esse ato.

No final, ele me convenceu a fazer o mesmo, para que eu pudesse limpar os meus inputs nos jogos de luta. Eu fui na dele, mas desisti antes de começar, devido o tempo escaço para sair por aí procurando as peças certas, a caixa, realizar a montagem e etc. Acabei comprando um pronto, bem artesanal, de uma fabricante brasileira, que é muito boa, por sinal.

Falarei mais sobre diferenças operacionais entre controles e métodos de atuação e utilização do manche/alavanca/stick, como preferir, nos próximos capítulos, mas nesse, quero encerrar com um conselho, principalmente para aqueles que estejam pensando em adquirir um primeiro controle arcade.

Se o seu objetivo, na sua própria jornada, for ter a experiência mais próxima possível de um fliperama, como se tinha antigamente, então provavelmente o ideal é adquirir um arcade stick. O mesmo é valido se você pretende se especializar em shmups (assim como nos seus derivados, a exemplo dos run and guns). Há algumas boas razões para isso, que deixarei para discutir em momento oportuno.

Já se seu intuito é se tornar um jogador competente (ou até mesmo profissional) em jogos de luta, principalmente dos títulos mais modernos, aconselho: mantenha-se jogando no seu pad, ou adquira algum dos modelos de controles mais exóticos, como hitbox, Cross|Up ou mixbox. Há poucas razões para se enfrentar toda um curva de aprendizado que, no final, não vai lhe garantir nenhuma vantagem, seja ela estatística, psicológica, ou qualquer que seja, como acontece com os arcade sticks tradicionais.

Os queridinhos do mercado.
Fonte: Hit Box Arcade (imagens originais).


Dito isso, eu ainda acredito que os arcade sticks, sejam os tradicionais, como o que eu jogo, seja (daqui pra frente) com os do tipo Cross|Up, representam uma era de ouro dos videogames e que se mantém preservada por fabricantes, torneios, marcas, mas principalmente por jogadores. Essa era ainda não acabou. Podemos revisitá-la sempre que quisermos por diversos meios, ou aproveitar os novos títulos, em especial os jogos de luta, que ainda contêm o design arcade intrínseco a eles. E o melhor? Podemos usar os nossos arcade sticks para jogá-los! 😁

Grandes jogadores profissionais usam arcade sticks comuns, como é o caso do E.T., Xiao Hai e o Justin Wong, para nomear alguns. É fato que muitos migraram para os do tipo sem alavanca, como o Daigo e o Tokido e outros se mantêm nos pads, como o iDom, NuckleDu ou o MenaRD, assim como há aqueles que preferem fight pads, como o Snake Eyez e o Problem X.

Resumindo, cabe-se muita preferência nesse tópico e isso é um dos aspectos mais fascinantes dessa jornada: embora alguns controles sejam mais apropriados para certos tipos de jogos ou forneçam algumas vantagens sobre outros, no final, a habilidade surge com a dedicação que cada um deposita na prática constante e no aprendizado dos seus títulos prediletos.

Se você, da mesma forma que eu, quiser embarcar de cabeça nessa história e estiver precisando de algum esclarecimento sobre os componentes de um arcade stick e como você pode vir a aprender a jogar em um, te aguardo no próximo capítulo. Quem não quiser, aguardo também do mesmo jeito, até porque terão muitas dicas úteis, que independem do controle que se usa para jogar. Até lá!

jfmf

Um dos criadores do Nunca Joguei. É um jogador, como você, que busca sempre descobrir (e redescobrir) as pérolas do universo dos videogames.

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